Quando o vício de fumar não era vício.
(aviso prévio, eu não sou fumadora! Sem ser fundamentalista até acho muito bem que se previna sobre os malefícios do tabaco, o que digo a seguir é só uma comparação)
Ainda me lembro bem, mas os jovens de hoje já só o sabem por ouvir contar: há muitos anos quando os animais falavam quando eu era criança, apoiava-se o fumo. Apoiava-se mesmo! No filme O Discurso do Rei há uma cena muito engraçada, onde o médico que quer curar a gaguez do rei, o incita a fumar um cigarro, como terapia! E, em qualquer filme dos anos 30 ou 40, quase todos os personagens fumam loucamente, não era só o Humfrey Bogard... Cinzeiros eram peças obrigatórias em todas as casas mesmo se os donos não fumassem, fumava-se em todos os transportes públicos e até no cinema. E era muito publicitado, as tabaqueiras tinham uns belos lucros (lá isso creio que ainda têm)
Onde eu quero chegar com esta divagação é que ter um cigarro na mão, 'ocupava' a mão. Faziam-se gestos bonitos com a mão, mais esguia porque prolongada pelo cigarro, além de que o leve fumo que dele saía também era bonito, elegante, fazia desenhos no ar...
Portanto, para além do prazer de fumar, o ter um cigarro na mão dava a ideia de que se estava a fazer alguma coisa, a pessoa "tinha as mãos ocupadas".
Hoje, o gesto de tirar um cigarro do maço e acendê-lo, foi substituído por outro gesto: pegar no telemóvel. Quando se está desocupado, olha-se para o telemóvel. Não é preciso que ele toque, que queiramos dizer nada, nem que se olhem mensagens, é para-ter-a-mão-ocupada. Falo por mim, mas posso generalizar! Estou num café à espera de alguém que demora, tiro o telemóvel. Numa reunião onde se fazem vários grupos mas eu estou isolada, olho o telemóvel. No átrio do cinema, já comprei o bilhete mas ainda é cedo...? Telemóvel. Estive há dias num velório onde algumas pessoas não se conheciam (acontece muito) reparei que mais tarde ou mais cedo lá tiravam o telemóvel do bolso. Na bicha do autocarro, se o placard diz que ainda faltam 10 minutos, é certo que se empunha o telemóvel. Numa repartição dizem que já nos atendem mas desaparecem, pega-se no telemóvel.
Hoje, o gesto de tirar um cigarro do maço e acendê-lo, foi substituído por outro gesto: pegar no telemóvel. Quando se está desocupado, olha-se para o telemóvel. Não é preciso que ele toque, que queiramos dizer nada, nem que se olhem mensagens, é para-ter-a-mão-ocupada. Falo por mim, mas posso generalizar! Estou num café à espera de alguém que demora, tiro o telemóvel. Numa reunião onde se fazem vários grupos mas eu estou isolada, olho o telemóvel. No átrio do cinema, já comprei o bilhete mas ainda é cedo...? Telemóvel. Estive há dias num velório onde algumas pessoas não se conheciam (acontece muito) reparei que mais tarde ou mais cedo lá tiravam o telemóvel do bolso. Na bicha do autocarro, se o placard diz que ainda faltam 10 minutos, é certo que se empunha o telemóvel. Numa repartição dizem que já nos atendem mas desaparecem, pega-se no telemóvel.
Claro que sobretudo no grupo dos mais jovens, muitas vezes vão-no usando para mandar mensagens e 'conversar' por sms, mas nem sempre. Muitas e muitas vezes é tão só para ter as mãos ocupadas.
Como no tempo do velho cigarro...
O novel vício, ehehehehe!!!!
Como no tempo do velho cigarro...
O novel vício, ehehehehe!!!!
Cereja
1 comentário:
Não passava por cá há bastante tempo, tinha esquecido o teu estilo :)))
Que bem visto!
Cá eu, também vou olhando o telelé para ter «as mãos ocupadas» :)
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