terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Brinquedos

Tenho andado a coleccionar os antigos "Jogos Majora", que o Correio da Manhã num momento de inspiração decidiu publicar. Talvez seja saudosismo, mas aqueles jogos de tabuleiro têm o condão de me reconduzir à infância de um modo mágico. São duas coisas que me avivam a memória de um modo fantástico: os cheiros e os brinquedos.
Quando era criança havia muitíssimo menos brinquedos pré-fabricados. Menos?! Que parva! Hoje há, podemos dizer, brinquedos-que-se-compram, mas quando eu era pequenita não. A boneca vinha da loja mas todos os seus vestidos e adereços eram feitos em casa. Davam-me uma ou duas panelinhas, mas o fogão era feito com umas caixas, o jantarinho  umas ervas que descobria no quintal, a toalha da mesa um lenço. Brincava às escolas sentando as bonecas no chão, e apanhando folhas de papel já usado para fazer de caderno. Etc. Eu tinha brinquedos sim, até achava que tinha muitos, mas grande parte eram inventados feitos por mim. E via os rapazes fazerem corridas de carros ou jogos de futebol com caricas, que guardavam numa caixa de sapatos.
Mas havia também os jogos de tabuleiro, uns com caixa e dados e peões, outros tipo dominó, outros com perguntas. E guardava-se com cuidado, fechava-se bem a caixa, e duravam anos e anos...
Ok, ok, agora é diferente. Ouvi há pouco uma conversa sobre um brinquedo chamado playstation (uma "estação de brincar")  que custa quase, quase, o salário mínimo nacional... E até dizem que com aquilo se pode brincar sozinho.
Tempos diferentes, é claro. 
Tempos onde para além de se comprar tudo já feito, se dá um valor enorme ao preço. Há uns meses entrei numa loja de brinquedos, a Toy's R Us creio. Sabia o que queria, despachei-me depressa, mas depois sou abordada por uma senhora de meia idade, muito atrapalhada. Pediu-me conselho sobre o que devia levar. Era para um menino de pouco mais de um ano, e acentuou que era rapaz. Olhei à volta com boa vontade, vi um expositor cheio de bolas e aconselhei "Olhe, leve uma bola! As crianças gostam de bolas, empurram-na, correm atrás dela, e ele daqui a pouco já sabe dar pontapés!" Ainda por cima ela acentuou bem que era rapaz o que encaixava no estereotipo. Ná! Viu o preço (era barato!) e queixou-se que era demasiado simples... e lá ficou, perdida no meio das prateleiras.
Mas digo uma coisa, também convivo com crianças e sei muito bem a graça que acham aos jogos antigos que eu tenho, iguaizinhos a estes reeditados da Majora, que estou a coleccionar.



Cereja

6 comentários:

fj disse...

Os jogos são giríssimos e,se calhar,o CM apercebeu-se de que encantaria miúdos ( adolescentes? ) de agora e reencantaria os pais e av@s fj

cereja disse...

Deve ser isso mesmo, FJ. Um tiro duplo, porque apanha dois grupos - os mais velhos como recordação, e os mais novos como curiosidade...

snowgaze disse...

Eu fazia (inventava) jogos de tabuleiro, e cheguei a construir jogos sobre os quais li em livros mas que nem sequer havia à venda. Para o meu rapaz também ainda fiz alguns jogos de dados com ele, era muito divertido. :)

cereja disse...

Olá Snowgaze! Mas não é divertido??? Eu acho! E muito menos "passivo" do que as coisas que se compram completamente feitas. Estes jogos da Majora são de uma ingenuidade encantadora. Sabe-me bem.

Joaninha disse...

Cá em casa também estamos a fazer a colecção, o que é engraçado porque até nem lemos o jornal :))) Mas como disse o FJ também apanha pais e avós!
............
mas há uma coisa muito cómica: se perdermos um dos jornais e ficarmos com um jogo em falta podemos pedi-lo. Escreve-se para uma morada que eles dão e mandamos um cheque com o preço do jornal que falta!!!!!!!!!!!!!
A sério! Querem que se mande um euro por cheque. Estarão completamente loucos??!

Anónimo disse...


Tenho alguns jogos da Majora para vender caso esteja interessado ;

http://tralhasvelhariasantiguidades.blogspot.pt/

http://latricotcrochet.blogspot.pt/

http://livrosinfantisantigos.blogspot.pt/

Com os melhores cumprimentos Paulo Gil


tralhasvelhariasantiguidades@gmail.com