A desumanização e a asfixia económica do momento actual vai além do que era imaginável, quase desde que me recordo.
Na minha vida que já vai longa, exceptuando curtos períodos, sempre vivi a contar os tostões mesmo tendo nascido numa família que se podia classificar de média burguesia. Felizmente herdei um gene da minha mãe que me fazia pensar duas vezes antes de gastar fosse o que fosse (digo da minha mãe que o meu pai não tinha tal!) e, bem ou mal, tenho vivido "com o que tenho", expressão muito irritante seja dito! Nos tempos muito antigos, quando o meu ordenado era pago em dinheiro e não através do banco, tinha um sistema de envelopes onde distribuía o que ganhava e o que ia poder dispor. Eram vários, alguns com quantias certas (renda, salário da empregada) outros com uma aproximação (electricidade, gás, água, telefone) e outros com algum bom-senso (alimentação, higiene, transportes) Como eu não via o bolo inteiro isso ajudava-me a perceber o que podia gastar. Até porque o salário era igual todos os meses e as despesas também previsíveis.
Depois isto descontrolou-se. A balança oscilava muito depressa, alguns preços aumentavam muito mais do que o previsível e os salários só no ano seguinte compensavam esse salto. A ginástica era complicada, mas sempre que os salários aumentavam havia uma folgazinha que permitia durante uns meses algum desafogo, para além de algumas promoções que a carreira ia dando. Ia-se vivendo sem as vacas chegarem a engordar, mas sem grande magreza. As regras da economia ainda eram compreensíveis: a inflação ia sendo compensada pelos salários, mesmo que tardiamente.
Neste momento na nossa terra vê-se algo estranho - os salários descem! Isso é que eu não me lembro de ver. Não apenas descem por um brutal aumento de impostos, como até descem de facto nos valores em bruto, oferecem-se ordenados incrivelmente baixos para funções de responsabilidade. E, simultâneamente, os preços continuam a subir e muito. Li agora, por exemplo, que a electricidade aumenta acima da inflação e do tecto do governo E sabemos como a electricidade é básica, na vida moderna.
As rendas de casa subiram de um ano para o outro. Os transportes públicos exigem-nos quase o dobro do que se pagava. O preço do gás também subiu loucamente. Ou seja os preços das necessidades básicas dispararam, enquanto os salários se reduzem isto para além do impressionante aumento do desemprego. E em muitos casos o desemprego significa, por uma generosidade generacional que ainda existe em Portugal, famílias alargadas a viver por conta da reforma de um pai ou mãe...
E oferta de trabalho? Hummm... Contou-me ontem uma amiga, a quem uma empresa tinha despedido e na véspera estava animada porque tinha tida uma oferta de outra bastante boa, que afinal para entrar para os seus quadros tinha que levar com ela 200 nomes de pessoas interessadas nos serviços desta nova empresa. Heim?! Duzentos nomes, coisa pouca...
E oferta de trabalho? Hummm... Contou-me ontem uma amiga, a quem uma empresa tinha despedido e na véspera estava animada porque tinha tida uma oferta de outra bastante boa, que afinal para entrar para os seus quadros tinha que levar com ela 200 nomes de pessoas interessadas nos serviços desta nova empresa. Heim?! Duzentos nomes, coisa pouca...
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Que a corda vai rebentar, não pode haver dúvida, resta saber quando.
Cereja
6 comentários:
Acho que está quase - não falta muito para rebentar!
Isto é uma pescadinha de rabo na boca! Olha aqui:
«Novas taxas do sector energético custa 45 milhões à EDP» diz o Público.
Vou ver se apanho o link
Roubei-te este postal e foto e nem te pedi...
O link é este:
http://www.publico.pt/economia/noticia/oe2014-nova-taxa-sobre-sector-energetico-custa-45-milhoes-a-edp-1609328
gosto sempre de deixar a referência àquilo que li :D
Oh Méri mas que querida!!!!
Fico toda contente, pela visita e ainda mais com a partilha!!! Mas a imagem é daquelas achada na net...
Costumo dizer de onde veio, mas esqueci-me :(
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Como deixo muitas vezes um link também no facebook, encontrei lá este comentário «Parece-me muitos de nós rebentarão antes da corda!» Espero bem que não, mas....
Pois é Joaninha, é um ciclo infernal. Que taxas são essas.......?! e mesmo assim os gestores daquela coisa ainda recebem uns ordenados espantosos!!!!!
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