terça-feira, 2 de abril de 2013

Sociologia da vida quotidiana

 Um dos exercício que acho mais interessantes é comparar o nosso dia a dia actual com o que me lembro, ou imagino, ser o passado. Claro que se é um passado já com muitas dezenas de anos, isso só acontece através de romances, porque a memória não chega. E nos dias das pequenas férias de Páscoa, com o tempo de inverno que fez, só me apetecia ficar aninhada a ler romances antigos e fui encontrando coisas que fazem sorrir.
Há uns tempos li num determinado romance o fabuloso almoço dos protagonistas num restaurante. Ele, muito cavalheiro (e rico) encomenda uma refeição de luxo: entrada muito sofisticada, o prato de peixe era lagosta e o prato de carne era frango. O modo como a refeição era descrita indicava que esse prato, o franguinho, era coisa fina, não se comia todos os dias, era mesmo coisa de ricos. Ora, como quem gera as finanças de uma casa sabe, o peixe hoje em dia é mais caro do que a carne, e quanto a carne a mais barata é a de frango ou perú. Houve uma grande cambalhota nessa parte da alimentação. Ná! Não está na mesma linha a lagosta e o frango!
 E depois li outra também engraçada. Descrevia um rapaz, tipo aventureiro, um maluco, alucinado com a mania das velocidades e informava-nos o autor:
«O facto de estar vivo era uma surpresa porque nunca se sentia feliz se a agulha do velocímetro marcava menos de sessenta quilómetros» e continuava  «[….] teve a sorte singular de ir a menos de trinta quando o seu enorme carro de desporto derrapou ficando com a roda traseira dentro de uma vala [….] foi um milagre não ter capotado.»
Ena!! Tinha realmente uma estrelinha no céu que fez o milagre de ele não ter capotado a 30 km, e a loucura de andar a 60 km/hora só mesmo quem não tem amor à vida... 
Eu adoro estas comparações.
Não sei bem como me sentiria se numa viagem no tempo fosse num  «regresso ao futuro» ou «ao passado» ou lá onde for, e com os conhecimentos e hábitos de hoje,  fosse passar umas férias ao local tempo onde era um luxo comer frango e uma loucura passear a 60 à hora. Seria divertido, mas pensando bem prefiro viver hoje com bons transportes, antibióticos, electricidade

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Afinal nada me impediria de voltar a fazer a vida de antigamente, basta enfiar-me numa aldeia tirar água do poço, usar candeeiros de petróleo, anda de burro ou a pé (onde se arranja um burro, sabem?) e viver sem frigorífico, esquentador ou fogão a gás. Mas lido é bem mais engraçado do que vivido no dia a dia, não?
Abençoado frigorífico, telefone, e antibiótico!!!!
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E já agora a net que me permite fazer esta conversa... 

 
Pé-de-cereja

2 comentários:

Joaninha disse...

Ahahahahah!!!
Que vertigem, a 60 à hora???!!!!
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Essa coisa do frango está bem vista, foi uma grande mudança. Hoje o que era muito barato (por exemplo os legumes) não está assim tanto... Se se repara o mais barato é o que faz pior como o fast-food cheio de gordura! :D

cereja disse...

tal e qual, Joaninha, digo isso muitas vezes. Houve uma alteração enorme nos consumos e muito também por causa dos preços.
O fast-food é fast e é mais barato. Entre uma fatia de piza e uma dose de peixe cozido com legumes o preço do segundo caso é 3 vezes ou mais o do primeiro em qualquer sítio...
Até o bacalhau, o tal "fiel amigo", é mais caro do que o bife de perú (e ainda a parva da Jonet falava do bife como um grande luxo..)