Como o "meu negócio não são números" sempre aceitei que o economicês era uma língua para que não era dotada. Mas até me oriento bem na vulgaríssima economia doméstica, sei organizar as despesas em função das receitas e sou muito prudente. Quando começou o tremor de terra financeiro, há uns anos, as pessoas que têm dedo leve para apontar erros acusaram rapidamente o grande (e inútil) consumismo como a causa do tal 'crédito mal parado'. Aqui d'el rei que se gastava em roupas caras, jantaradas e viagens e depois era o que se via.
E isso é certo, o tal consumismo é uma doença, mas sempre me pareceu que dívidas muito grandes, salvo raros casos, não eram de produtos de consumo fácil. Era na habitação. E a compra de casa própria, foi uma armadilha muito bem montada por quem tinha todo o interesse nisso - grandes empresas de construção e bancos. Etoda muita gente foi caindo nessa armadilha. Por outro lado apareceram muitas empresas à conta do crédito bancário e muito mal geridas - crédito mal parado, decerto. E, quando esta situação se desmorona a onda gigantesca atinge toda a gente, com a acusação de que 'gastámos acima das nossas possibilidades'. E esse plural faz com que quem fez sempre bem as suas contas domésticas se veja responsabilizado por dinheiros a que era completamente estranho... É justo? Não, é a tal linguagem de economicês.
E isso é certo, o tal consumismo é uma doença, mas sempre me pareceu que dívidas muito grandes, salvo raros casos, não eram de produtos de consumo fácil. Era na habitação. E a compra de casa própria, foi uma armadilha muito bem montada por quem tinha todo o interesse nisso - grandes empresas de construção e bancos. E
Eu que não falo essa língua, penso "ok, vamos então trabalhar mais, aumentar a produção, criar mais riqueza para com isso pagar essas tais dívidas". Não, não, não. Não percebes nada! Vamos mas é ficar quietinhos, não consumir nada para evitar gastos. Não é trabalhar mais, é trabalhar menos, ou até nada, o desemprego é que é.
Não percebi. E por mais que quisesse nunca percebi.
Agora, de há uns tempo para cá, vou ouvindo opiniões de pessoas insuspeitas de tendências esquedistas (Bagão Félix, Pacheco Pereira, Ferreira Leite) a concordarem comigo. Não inteiramente, claro, mas em muitas coisas. O mundo começou a girar ao contrário. Imagino que na origem de muitas destas posições estejam conflitos internos partidários, tem de ser. Mas é mais do que isso porque afinal até a troika e o fmi andam a ficar atrapalhados. Vejo que a inefável Lagarde já diz que as “baixas taxas de juro não se estão a traduzir em crédito barato para as pessoas que dele precisa" e até fala de crescimento e desemprego, imagine-se! Pelo menos parece, ora vejam:
E ainda ouvimos outra voz do FMI a concluir que... afinal a receita não resultou
O que é que isto quer dizer?
No último desfile onde fui, alguém a meu lado levava um cartaz "Eu não sou um algarismo!". Pois é. Mas o que está a parecer é que até no-mundo-dos-algarismos as coisas estão a ficar descontroladas... e eu a ficar assustada quando dou por mim a concordar com gente de quem não gosto visceralmente. O mundo decididamente começou a girar ao contrário, e... os rios nascem do mar.
No último desfile onde fui, alguém a meu lado levava um cartaz "Eu não sou um algarismo!". Pois é. Mas o que está a parecer é que até no-mundo-dos-algarismos as coisas estão a ficar descontroladas... e eu a ficar assustada quando dou por mim a concordar com gente de quem não gosto visceralmente. O mundo decididamente começou a girar ao contrário, e... os rios nascem do mar.
Pé-de-Cereja
6 comentários:
Olha que não sei.
Ando tão desanimada, que nem sei o que diga. Realmente quando me vejo a aplaudir o Pacheco Pereira (de qualquer modo é um tipo inteligente e que sabe o que diz) sinto que algo anda muito mal.
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E o susto é perceber que embora o nosso caso seja terrível, o resto da Europa está a cair no mesmo precipício. Como foi possível??????
Ainda aqui volto por causa do tal consumismo.
É verdade.
E foi uma bola de neve, quanto mais rolava mais aumentava. Mas todos sabemos que era (e ainda é) muito estimulada com a magnífica publicidade. Os casos de grandes consumos (automóveis, p.e.) pararam, creio. Mas vejam por exemplo os telemóveis! Massacram-nos com modelos xptl como se fosse uma coisa muito importante. E os tablets, etc e tal. Não digo que se compre como dantes, não compram mas... ficam muito infelizes. Que raiva isto dá.
Também estou desanimada, Joaninha. E confusa. Se passares por blogues tipo Blasfémias vais ler coisas sobre a Ferreira Leite (não falo do Pacheco Pereira que isso é mais natural...) que nos deixam de boca aberta porque, são VERDADE. Mas na altura acusavam a esquerda de dizer mentiras :)
É que é por todo o lado.
Este tipo, de quem não gosto nada, vem dizer isto:
http://expresso.sapo.pt/governo-ja-nao-tem-o-minimo-de-credibilidade=f799760
????????
Mas alguns estão a mudar mesmo...
Talvez, fj, talvez...
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