Sondagens.
Como todos estamos fartinhos de saber, as sondagens servem para muito pouco, para além de dar trabalho a muita gente. Ou dizem uma coisa ao contrário do que nós pensamos (e acha-se logo que foram mal feitas) ou dizem aquilo que também pensamos, e encolhemos os ombros pensando «pois claro!»
Li há momentos mais uma que nos diz uma 'grande novidade': os portugueses mudam os seus hábitos de vida.
Era preciso uma sondagem?
Como é que não se há-de mudar os hábitos de vida? O que me admira nesta sondagem e lança alguma dúvida sobre a quem é que foi aplicada (classe média/alta?) foram as respostas sobre o que é que vamos cortar: os cinco pontos que são focados são coisas que JÁ foram cortadas há bastante tempo. Isto, falando por mim, que há uns tempos estaria na classe 'média/média' :) e já reduzi drasticamente, há bastante algum tempo, todos os itens que ali focam - refeições fóra, divertimentos, vestuário e carro.
Porque aquilo é o óbvio, o que entra pelos olhos dentro. Até me atrevia a dizer que aquilo é em certa medida o supérfluo. É desagradável prescindir, tira-nos qualidade de vida, mas consegue-se viver sem isso - sobretudo se soubéssemos que este furo mais apertado no cinto era para toda a gente, que é o que não sucede e daí a indignação...
Não são esses cortes que me preocupam.
Preocupa-me sim, adiar a visita semestral ao dentista e decidir que só lá vou quando me doer um dente.
Preocupa-me perante uma receita de medicamentos, pensar que alguns «podem esperar» e pedir para aviarem só os indispensáveis.
Preocupa-me ter de reduzir (por enquanto é reduzir) as horas da mulher-a-dias, sabendo bem a falta que lhe vai fazer o dinheiro que lhe pagava.
Preocupa-me ter um electrodoméstico avariado e pensar «deixa lá, não faz assim muita falta» em vez de o mandar arranjar, pelo sentimento de degradação que perante isso eu sinto.
Preocupa-me sobretudo, muito, muitíssimo, o pensar no meu filho e seus amigos sem trabalho, sem estabilidade, sem futuro.
Nesta sondagem mais de metade dos inquiridos falam em imigrar. Muito bem. E... para onde? África??? Brasil???
Parece-me que essa é a questão.
Pé-de-Cereja
12 comentários:
Vamos ver se o comentário entra, que esta manhã escrevi imenso e depois esta coisa sabotou-me!
Beeem... Parece que está normalizado. :D
o que tinha dito quando passei aqui a 1ª vez para além de concordar com o essencial, é que as tais sondagens me deixam quase sempre desconfiado. li ontem que em Portugal se gasta mais dinheiro com o Natal do que em muitos outros países nomeadamente na Holanda - diziam que aqui se gasta 500€ e lá menos de 200€. Achei muito esquisito.
Na minha casa há já muito que não gastamos nada que se compare com 500€ no Natal! O jantar é melhorado, mas caramba se o vinho é de uma marca boa, o bacalhau é bacalhau, não é caviar! E há doces mas um arroz doce ou umas rabanadas não quer dizer que custem os 150 e que nessa sondagem diziam. E quanto a prendas há anos que se travou o consumismo dos anos 80, vão para a família mais chegada, e são coisas sensatas.
Mas a sondagem falava realmente em QUINHENTOS EUROS (!) - deviam estar doidos!
Olha King, aconteceu-me o mesmo agora. Respondi-te e quando cliquei para entrar esta coisa desapareceu!
Vamos ver se reconstituo:
Também li a mesma notícia de que falas. E tal como tu não entendi!
Uma ceia de 150 € como eles referem, tem de ser para umas 10 pessoas o que quer dizer que essas não gastam nada nas suas casas portanto a média não é essa!
Quanto às prendas é verdade que há uns tempo se perdia a cabeça e toda a gente andava com o complexo de Pai Natal me se se desse 30, 40, 50 prendas talvez se chegasse a nº altos de despesa, mas por aquilo que vejo entre os meus amigos isso já acabou e não é só este ano!
Revejo-me em cada uma destas preocupações.
Como cidadã deste país que já foi G de Grande, inquieta-me a ligeireza com que nos mandam emigrar, 'vão pregar a outra freguesia' como quem diz.
Será que contam viver à sombra da remessa dos emigrantes como nos tempos salazarentos?!
Podem tirar o cavalinho da chuva! os novos emigrantes não escolhem partir, antes são expulsos. O regresso fica fora dos seus planos caso encontrem outro país onde não se sintam a mais.
Pois obviamente estamos na mesma. Mas emigrar já não nos dá!
fj
Realmente esta caixa de comentários anda com manias... Ainda ontem passei por aqui escrevi um grande relambório e nada! tal e qual como o King! Andam a sabotar esta coisa... GRRRRRRRRRR!
:(
Portantus, retomando o que disse ontem, não é esta sondagem que terá importância mas ela reflecte o diz-se-que-diz-se que ouvimos por todos os lados. Muita gente ouve as parvoíces que os excelentíssimos senhores que palram na tv vão afirmando e engolem tudo, pensando que o recado é para os outros.... São sempre os outros os gastadores, os que não pagam, os que têm créditos mal parados, etc e tal. Claro que há ou houve uma altura onde o consumismo era uma doença contagiosa. Muitos de nós fomos apanhados por ela e o Natal era das alturas piores (incentivado pela publicidade, não esquecer)
Mas agora? AGORA???? Poupar em jantaradas, roupas de marca, ou idas a concertos??? Estão a entrevistar quem?! Não foram à minha família nem a nenhum dos meus amigos.
Esse «conselho» de imigrar foi um dos vários tiros no pé que o actual governo tem dado! Assim como o Primeiro Ministro nos 'animar' avisando que era preciso empobrecer, outro que tal!
Mas a minha dúvida é mesmo para onde se pode imigrar???... Não para a Europa, decerto. E faz alguma espécie termos de pedir ajuda ao 3º mundo.
king e Joaninha, vocês têm razão, até eu afinal dona da casa, também de vez em quando nã tenho acesso aos comentários. Que raio de coisa!
Fazer comentários não é fácil, porque está quase tudo dito.
É curioso uma das questões desse inquérito ser sobre a hipótese de imigrar, porque é no que mais se pensa, sobretudo se se é jovem com boa formação mas não se vê saída!
ainda passo por aqui e respondo ao sem-nick e também à IF que gosto muito de ver por aqui :D
Muitas vezes penso naquela gente toda que votou no PSD porque queria votar CONTRA O SÓCRATES, não porque sinceramente soubesse o que fazia, e que deve andar hoje de cara à banda. A imagem que recordo muitas vezes é uma mulher que foi entrevistada na noite das eleições. Via-se que era uma pessoa pouco instruída, o que se diz «uma-mulher-do-povo», e estava aos gritos de alegria. O jornalista foi entrevistá-la e ela disse-lhe brilhando de felicidade
- Oh, estou tão contente! agora o meu filho já não precisa de imigrar!!!
..............
Foi exactamente assim, essa cassete ainda deve existir se as TVs guardam essas entrevistas. na altura fixei logo a frase porque me pareceu um estranho desabafo. Hoje parece qualquer coisa premonitória, na base do humor negro. Seria o oposto a uma bruxa...?
ahahahah
essa só para rir...de trsteza...
gente mentecapa...
silvya
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