Quando há uns dias escrevi aqui Os modernos Salomões prometi que voltava ao assunto, que me preocupa muito e está muito longe de se ter dito sobre ele o necessário.
Nós hoje casamo-nos menos e divorciamo-nos mais. Mas, devido a uma grande alteração de conceitos - e ainda bem! - uma criança nasce sempre legalmente com pai e mãe sendo os dois igualmente responsáveis por ela, seja a ligação registada oficialmente ou não. Portanto a maior rapidez com que se casa e descasa, ou nos juntamos e separamos, não influencia a ligação legal mas influencia muito, imenso, a ligação psicológica.
Nós hoje casamo-nos menos e divorciamo-nos mais. Mas, devido a uma grande alteração de conceitos - e ainda bem! - uma criança nasce sempre legalmente com pai e mãe sendo os dois igualmente responsáveis por ela, seja a ligação registada oficialmente ou não. Portanto a maior rapidez com que se casa e descasa, ou nos juntamos e separamos, não influencia a ligação legal mas influencia muito, imenso, a ligação psicológica.
Tenho a convicção por aquilo que vou sabendo, que grande parte dos pais tem cuidado quando comunica aos filhos a separação. Quase sempre explicam-lhes que a questão não tem nada a ver com eles e os amam da mesma maneira.
Mas vamos saltar vários patamares do que se passa nestas separações, inevitavelmente dolorosas, e chegar já aos Tribunais de Família que vão decidir a «regulação do poder paternal». (uma nota, será que a palavra Poder, não é sugestiva?) Bem, essa regulação no papel parece sensata. No caso dos pais já não se darem lá muito bem, a custódia partilhada diz que a criança fica a viver com um deles e decidirão em conjunto as questões de educação, saúde, ou deslocações ao estrangeiro. Sensato. Assim como é sensato que o progenitor com quem a criança reside facilite os contactos com o outro.
Bem, mais um passo, para se chegar ao ponto importante que é um desentendimento entre os pais. É normal, não é? Estão a lutar por um Poder e muito zangados um com o outro. O Tribunal (advogados, assistentes sociais, juízes, procuradores, imensa gente) intervem. Além de ameaçar os pais como referi nos Modernos Salomões, vai ouvir a criança, o que não é má ideia. Mas o que é «ouvir»? Ser conduzida a uma estrutura assustadora que é um tribunal, onde numa salinha alegre (?) alguém, estranho para ela, lhe vai fazer perguntas sobre os seus afectos?
A pergunta idiota que se fazia a brincar «Gostas mais do papá ou da mamã?» foi há muitos anos considerada um modelo do que nunca se devia dizer, brincadeiras à parte. Do ponto de vista da psicologia é uma violência, um mau trato, uma agressão psicológica. Mas que a Justiça (?) faz constantemente. Quando uma criança pequena é interrogada, sabendo que do que disser pode estar a escolher viver com um dos pais, é gravíssimo.
Mas faz-se.
E depois de feito não se pode «apagar», não há borracha que apague uma recordação dessas, é trauma que a acompanhará toda a vida. Mas quem manda é o Tribunal e terá de ser obedecido a bem ou a mal. Isto acontece constantemente.
Mas vamos saltar vários patamares do que se passa nestas separações, inevitavelmente dolorosas, e chegar já aos Tribunais de Família que vão decidir a «regulação do poder paternal». (uma nota, será que a palavra Poder, não é sugestiva?) Bem, essa regulação no papel parece sensata. No caso dos pais já não se darem lá muito bem, a custódia partilhada diz que a criança fica a viver com um deles e decidirão em conjunto as questões de educação, saúde, ou deslocações ao estrangeiro. Sensato. Assim como é sensato que o progenitor com quem a criança reside facilite os contactos com o outro.
Bem, mais um passo, para se chegar ao ponto importante que é um desentendimento entre os pais. É normal, não é? Estão a lutar por um Poder e muito zangados um com o outro. O Tribunal (advogados, assistentes sociais, juízes, procuradores, imensa gente) intervem. Além de ameaçar os pais como referi nos Modernos Salomões, vai ouvir a criança, o que não é má ideia. Mas o que é «ouvir»? Ser conduzida a uma estrutura assustadora que é um tribunal, onde numa salinha alegre (?) alguém, estranho para ela, lhe vai fazer perguntas sobre os seus afectos?
A pergunta idiota que se fazia a brincar «Gostas mais do papá ou da mamã?» foi há muitos anos considerada um modelo do que nunca se devia dizer, brincadeiras à parte. Do ponto de vista da psicologia é uma violência, um mau trato, uma agressão psicológica. Mas que a Justiça (?) faz constantemente. Quando uma criança pequena é interrogada, sabendo que do que disser pode estar a escolher viver com um dos pais, é gravíssimo.
Mas faz-se.
E depois de feito não se pode «apagar», não há borracha que apague uma recordação dessas, é trauma que a acompanhará toda a vida. Mas quem manda é o Tribunal e terá de ser obedecido a bem ou a mal. Isto acontece constantemente.
S.O.S.
Cereja