Faz parte do desenvolvimento humano. Nós nascemos mais dependentes do que qualquer outro animal. Levamos os primeiros tempos de vida a aprender a andar, a falar, a comer sozinho, a conhecer as bases da higiene. E logo depois aprende-se a viver com os outros em sociedade, a conhecer e usar regras de convívio.
Já se sabe que como as sociedades humanas variam muito, quer no espaço quer no tempo, essas regras também vão variando. O que era correcto na Idade Média ou na China, não o é aqui e agora. Mas também se aprende a conhecer e respeitar os usos alheios, se estivermos numa sociedade diferente da nossa.
Contudo vou estranhando o desaparecimento muito rápido não direi de regras de etiqueta mais ou menos vitorianas, mas de usos sociais muito simples. Por enquanto ainda é normal cumprimentar com Bom Dia (substituído muitas vezes por 'tudo bem?') pedir dizendo Faz favor, e no fim Obrigado. Digo por enquanto porque mesmo essas 3 fórmulas, tão simples, muitas vezes ficam esquecidas.
Mas há costumes de cortesia que se diluíram tanto que quase se não notam: levantarmo-nos quando entra alguém de novo numa sala, por exemplo, ou não se interromper quem está a falar, ou esperar que todos estejam servidos para começar a comer, ou ceder o lugar sentado num transporte público.
Por outro lado temos um grande mimetismo para copiar o que se vê na tv, sobretudo se o modelo é estrangeiro. E tem-me impressionado ver um acto tão repetido que só posso concluir que isso seja normal e bem-educado (?) nos EUA, porque se vê em muito episódios de diversas séries: uma pessoa vai falar com outra - muitas vezes um investigador ou detective - ela abre-lhe a porta, manda entrar e enquanto quem entrou vai falando o dono da casa vira-lhe as costas e vai fazendo o que estava a fazer, coisas que aparentemente não tinham a menor urgência. Isto passa-se sempre. Uma pessoa a falar e outra a arrumar um livro na estante, a pôr a mesa para jantar, a pentear-se, sem olhar para quem fala! Isto não é uma questão de etiqueta vitoriana, para mim seria simples boa educação. Se digo a alguém para entrar, ofereço-lhe uma cadeira e sento-me a ouvir o que ela me quer dizer.
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À-vontade? Desenvoltura? Indiferença? Arrogância? Superioridade?
Ou falta de educação?
Ou falta de educação?
É que ser educado custa tão pouco e sabe bem. Não, não paga imposto, é inteiramente grátis.
Pé-de-Cereja