«Inesquecível» é o título de uma nova série de tv.
E a ideia base de mais esta série de polícias e ladrões é interessante: uma mulher tem uma memória com ‘uma avaria’ oposta à amnésia, uma hipermnésia que faz com que não esqueça coisa nenhuma.
Não sei se existe algo como ali é descrito. Sei que a hipermnésia pode existir mas tal como a própria amnésia é localizado – o doente lembra-se com pormenores fotográficos mas só de certas situações que têm uma relação especial consigo. Como é citado no genérico dessa série ali trata-se de uma pessoa que não se esquece de nada nunca. Lá perguntam se é uma bênção ou uma maldição e a mim parece-me que a existir seria definitivamente uma maldição! Nem consigo imaginar o que seria lembrar-me de toda a minha vida ao pormenor!
Anda contudo um pouco ‘esquecido’ o facto de que a memória pode treinar-se também. O ensino de hoje insiste muito pouco nesse treino e duvido que isso seja uma melhoria; os chineses por exemplo têm uma memória fabulosa mas desde muito pequeninos que a treinam intensamente.
Porém toda a memória é selectiva e limitada. Isso felizmente. Por outro lado infelizmente, ela gasta-se. É esse o grande drama e o que nos custa a aceitar, como é possível que em certo momento ela falhe e deixe de funcionar…? E não se pode fazer como quando um recipiente está cheio e se quer meter lá mais coisas – selecciona-se o menos importante e deita-se fora. Para a memória não dá. Só ela decide o que é importante. Lembramo-nos palavra por palavra de um texto do livro da 1ª classe mas esquecemos se já pagámos uma conta importante…
Como em tudo nem o 8 nem o 80. O excesso de memória deve ser terrível porque não há nenhuma vida que seja feliz de uma ponta à outra e existem mesmo coisas que «são para esquecer»!
Mas a perda de memória quando se acentua com a idade, é um enorme pesadelo, que só se avalia bem quando nós ou os nossos amigos apanhamos com as suas consequências.
Aproveite bem, quem a ainda a tem como deve ser!
Pé-de-Cereja